sábado, 21 de abril de 2018

Fortaleza Digital (Dan Brown)




Imaginem um supercomputador capaz de decodificar todas as mensagens transmitidas através da Internet. E se, por acaso, ele encontrasse um código indecifrável? Pois é isso que ocorre com o TRANSTLR, máquina pertencente à Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos.


Susan Fletcher, a melhor criptóloga da NSA logo é chamada pelo seu chefe, Trevor Strathmore, para ajudar a resolver o difícil problema. Chegando ao escritório, descobre que o Fortaleza Digital (código inquebrável), processado há mais de 15 horas pelo TRANSTLR, foi criado por Ensei Tankado, ex-funcionário da Agência, como parte de sua vingança.

Porém, mais uma notícia abala a criptóloga: Tankado morreu na Espanha. E antes de sua morte, ele havia anunciado que leiloaria a senha capaz de quebrar o código. Caso isso ocorresse, a pessoa que conseguisse comprá-la poderia colocar a inovação tecnológica à venda, atrapalhando, assim, a ação dos serviços de inteligência dos EUA.

Há, entretanto, duas alternativas para a NSA: Encontrar o anel que Tankado usava na hora da morte, no qual está gravada a misteriosa senha ou descobrir que é North Dakota, ajudante de Tankado que possui uma cópia da chave. Porém, se ele acreditar que a morte do criptólogo foi planejada pela NSA, ele poderá disponibilizar a senha para todos os usuários da Internet.

Strathmore, numa tentativa de recuperar o anel, envia David Becker, professor universitário e namorado de Susan, à Espanha. Porém as notícias não são promissoras: Tankado havia dado seu anel a um estranho e o professor não tem a mínima ideia de onde encontrá-lo. Movido pela intuição e contando com um pouco de sorte, Becker inicia uma busca pelo misterioso portador do anel. O que David e Susan ainda não sabem é que o professor está sendo perseguido por um perigoso assassino que está disposto a matar qualquer um que tenha tido contato com o anel.

Para completar a aflição da criptóloga, ela descobre que North Dakota pode estar mais perto do que ela imaginava: ali mesmo na NSA. Acreditando que se trata de Greg Hale, seu colega de trabalho, Susan acredita correr perigo. O maior problema aparece quando Hale começa a acusar Strathmore de ser o verdadeiro vilão. E agora? Em quem Susan deve acreditar? 

Sem encontrar respostas, a criptóloga precisa continuar procurando a senha do “Fortaleza Digital” para, além de evitar o grande desastre de inteligência americana, conseguir trazer Becker de volta para casa são e salvo. E, finalmente, poder aproveitar o fim de semana de folga com o amado nas Smoky Mountains.

Apesar de ser o primeiro livro de Dan Brown, Fortaleza Digital apresenta uma história tão envolvente quanto seus sucessores. A trama, além de contar com informações acerca de criptologia, química e história, é repleta de reviravoltas e surpresas que mantém o leitor entretido do começo ao fim.



Assim como as demais obras de Brown, esta também possibilita ao leitor um passeio por um importante ponto turístico. O escolhido da vez é a cidade espanhola de Servilha, que nos revela suas praças, igrejas e bairros tradicionais juntamente com o grave problema da prostituição. 

A história também nos faz refletir sobre até que ponto alguém, em nome da nação, pode violar o direito de privacidade das pessoas. Essa questão é representada pela discordância entre Tankado e Strathmore, já que o primeiro defende que nenhuma associação tem o direito de acessar os e-mails pessoais, enquanto o outro quer aumentar o poder de infiltração do TRANSTLR, capaz de prevenir atentados terroristas.

O alto poder de ação da inteligência norte-americana é outro ponto intrigante. Esse país possui bases escondidas em diversos países e possui um poder de infiltração superior a qualquer outra nação. Mesmo que o TRANSTLR seja uma máquina fictícia, é através da sua presença que podemos imaginar até onde as agências norte-americanas já evoluíram.

Fortaleza Digital é, portanto uma ótima dica para quem deseja se aventurar pelo mundo da tecnologia e tentar desvendar um grande mistério. O leitor deve estar preparado para momentos de muito suspense e revelações impressionantes que resultam num desfecho simplesmente inesperado.





Referência:http://rapha-doceencanto.blogspot.com/2011/08/domingo-cult-por-tullia-maria-fortaleza.html

quinta-feira, 5 de abril de 2018

O Menino no Espelho (Fernando Sabino)


O Menino no Espelho, terceiro romance de Fernando Sabino, foi lançado em 1982. Nesta obra o autor nos conta sobre sua infância em Belo Horizonte, na década de 20. Com sotaque mineiro, a criança Sabino nos narra de maneira bem fantasiosa todo o seu mundo imaginário e simples. Conta-nos como Odnanref, sua identidade secreta, aprendeu a voar como os pássaros, como ensinou uma galinha a falar, sobre sua visita ao Sítio do Pica Pau Amarelo, sobre seu cachorro Hidenburgo e seu coelho Pastoof. Fernando começa a brincadeira conversando com seu espelho, aos poucos o reflexo vai tomando forma e vida, tornando-se seu grande amigo e companheiro de todas as suas peripécias e aventuras de criança.






Fernando Sabino relata em primeira pessoa (a própria estrutura do livro é “memorialística”) prováveis episódios sucedidos em seus tempos de infância, porém entremeados por boas doses de ficção, insuflando vida a algumas fantasias próprias da imaginação pueril – o que acaba conferindo ao livro um certo caráter de realismo fantástico.











Como em Peter Pan, o menino Fernando encarna, através de várias de suas travessuras, sonhos e fértil imaginário, a vivacidade e a pureza próprias da criança – como na passagem da libertação dos passarinhos, um libelo metafórico em prol da liberdade e contra a opressão, aliado a uma certa tonalidade anti-militarista – em contraposição ao universo controlado e algumas vezes bestial dos adultos. É o eterno “embate” menino x homem, infância x idade adulta, e como a primeira define a segunda, além de tentar persistir em conservar o máximo possível de sua inocência e imaginação mesmo depois do “amadurecimento”.




Através da prosa simples, poética e próxima do coloquial, além de muitas vezes apresentar-se – sobretudo nas falas do garoto – numa linguagem infantil, Fernando Sabino reconstrói todo o universo particular e inteligente das crianças – respeitando-as na sua complexidade e individualidade -, concebendo-as como simplesmente crianças e não adultos em miniatura – todavia contundentes na formação dos adultos que serão. E para dar mais autenticidade ao texto, é notória a honestidade com que as peripécias e experiências da infância, com todas as suas idiossincrasias e “absurdos”, são relatadas. Todo o sabor da infância – e numa época em que a meninada não conhecia o poder apelativo da Internet e dos videogames - está presente na obra, e com certeza nos fazem recordar a nossa própria infância.


O modo despojado e leve com que narra fatos aparentemente corriqueiros, também. Entretanto, em se tratando de um romance de recordações de seus tempos de criança em sua terra natal, é natural que alguns episódios sejam perceptivelmente fantasiosos. Trata-se sem dúvida de uma daquelas obras de Sabino, em que a naturalidade da narração não diminui em nada o clímax da história. Pelo contrário. A ingenuidade dos pensamentos do protagonista Fernando, quando criança, comove espontaneamente o leitor mais niilista.



Sua narração começa em meio a um temporal, que denunciava grosseiramente as goteiras de sua bucólica residência. Seu pai, sua mãe e irmãos, todos fazem parte da trupe de personagens. Enquanto brincava com as poças de água, provocadas pela chuva, o mesmo Fernando se depara com um homem que conversa brevemente com ele, se despedindo em seguida sem revelar o nome. O menino não sabia quem era aquele misterioso ser. Somente no final do livro é revelado ao leitor o paradeiro do individuo. Tratava-se do próprio escritor, já adulto, que em meio ao lirismo da prosa de Sabino, trava em determinado momento, um singelo contato com a sua versão mirim. Mesmo cercado por fatos prosaicos, tal ocorrido oferta bela dose de emotividade à obra. 




Os eventos improváveis e fantasiosos, personificações das quimeras e aventuras imaginárias infantis, figuram na obra descritas com naturalidade e de forma espantosamente real – sem uma sugestiva atmosfera onírica -, desde o poder de fazer milagres que o menino adquire até a incrível descoberta no espelho, episódio que intitula o romance, inclusive de amplitude alegórica – mas que me recuso a discorrer porque resultaria num desagradável spoiler acerca do livro.




O surrealismo presente em O menino no espelho não se restringe à conversa atemporal do homem com a criança. Em dado momento da narração de suas peripécias juvenis, Fernando brinca e conversa com o seu reflexo no espelho, que por sua vez, ganha vida e passa a agir em vários momentos como o seu duplo. Tornam-se grandes amigos. Porém, quando descoberto por terceiros, o reflexo retorna ao seu mundo, o espelho, de onde jamais sairia novamente. Outros saudosos episódios infantis são contados primorosamente, como o primeiro amor, sua relação com os colegas da escola, a torcida pelo América de Belo Horizonte, o seu clube do coração, as brincadeiras com a amiguinha Mariana e o apego aos animais de estimação que povoavam a casa: um cachorro, um coelho, um papagaio e uma galinha, a quem batizou de Fernanda e salvou da “degola” na véspera desta se tornar o prato do dia na refeição.


Filme





Baseado no livro de Fernando Sabino, o filme de mesmo nome é ambientado nos anos 30. Ali, vive Fernando (Lino Facioli), um menino de 10 anos que se acha ocupado demais e sonha em criar um duplo - alguém que se passasse por ele para fazer apenas as coisas "chatas". Um dia, isso se torna realidade e sua imagem no espelho ganha vida.

Diretor: Guilherme Fiúza
Elenco: Mateus Solano, Regiane Alves, Gisele Fróes
País de origem: Brasil
Ano de produção: 2014
Classificação: 14 anos